
A Executiva Nacional do PL interveio nesta sexta-feira (8) no diretório municipal da legenda no Recife (PE) e tirou do comando o ex-ministro do Turismo de Jair Bolsonaro, Gilson Machado Neto. Em seu lugar, foi nomeado o vereador Paulo Muniz.
Conhecido como "sanfoneiro de Bolsonaro", por aparecer nas lives do então presidente tocando sanfona, Machado é pré-candidato ao Senado pela legenda em Pernambuco. E a mudança ocorre um dia após o presidente estadual do PL, Anderson Ferreira, e o deputado federal André Ferreira terem se reunido com o presidente da sigla, Valdemar Costa Neto, que determinou a intervenção.
“O Recife é uma peça-chave na nossa estratégia para 2026. Estamos trabalhando para ampliar nossa atuação e fortalecer ainda mais a presença no estado”, disse Valdemar, em nota pública.
Gilson Machado postou uma declaração no X (ex-Twitter) sobre a mudança, reforçando sua ligação com Bolsonaro e afirmando que o ex-presidente "não participou dessa decisão".
"Recebi com surpresa e pela imprensa, mas com muita tranquilidade e serenidade, a notícia do meu afastamento da presidência do PL Recife. Agradeço a confiança do Presidente Bolsonaro que me nomeou para assumir o Partido em Recife, junto com o Presidente Waldemar."
'Chega pra lá' em Bolsonaro
Gilson Machado tem o apoio público de Jair Bolsonaro para ser o candidato do PL ao Senado em 2026, mas enfrenta a concorrência de Anderson Ferreira.
Em entrevista coletiva concedida em julho em Brasília, para falar sobre ação penal na qual ele é réu por tentativa de golpe de Estado, Bolsonaro reafirmou seu endosso ao ex-ministro. “Há um interesse nosso enorme nas eleições para o Senado. Nós queremos um Senado forte para equilibrar os Poderes. [...] Se depender de mim, é Gilson em Pernambuco”, disse o ex-presidente.
Já Anderson, irmão de André, conta com o apoio de Valdemar, o que deve ser decisivo para sua postulação. Ex-prefeito de Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, por dois mandatos, ele disputou o governo de Pernambuco pelo PL, ficando em terceiro lugar em 2022.
No mesmo ano, Machado candidatou-se ao Senado por Pernambuco, também pelo PL, ficando em segundo lugar, com 29,55% dos votos. Em 2024, candidatou-se pelo mesmo partido à prefeitura do Recife e foi novamente o segundo colocado, com 13,9% dos votos.
Racha no partido
O episódio pode ser mais um motivo de insatisfação para a família Bolsonaro, em meio a uma relação já conturbada. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), por exemplo, estaria insatisfeito com o presidente do PL, levantando dúvidas sobre a postura do dirigente da legenda.
Valdemar era contrário à estratégia adotada pelas bancadas do partido na Câmara e no Senado de ocuparem as Mesas Diretoras das Casas para impedir os trabalhos legislativos, segundo informações da coluna da jornalista Bela Megale. A discordância do presidente da sigla teria incomodado o deputado federal, que reside hoje nos Estados Unidos.
O filho do ex-presidente entende que Valdemar faz “jogo duplo” com a família Bolsonaro, atuando publicamente de forma distinta do que faz nos bastidores. Para Eduardo, Valdemar teria interesse em ver Jair Bolsonaro “fraco” e até preso, pois isso aumentaria sua dependência em relação ao PL.
Em vista disso, o deputado federal já planejaria deixar o partido até 2026, buscando que outros parlamentares bolsonaristas seguissem o mesmo caminho.
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