(Feminicídio, se refere ao assassinato de mulheres por simplesmente serem mulheres, dado ao menosprezo á condição feminina.)
Juliana da Paz Silva, de 29 anos e João Paulo dos Santos Paiva, de 27. Meus sentimentos a todos os familiares.
Juliana, tendo duas filhas, fez técnico em enfermagem, sempre trabalhando e pagando do seu próprio dinheiro as mensalidades, vendia salgados e doces, já teve uma lojinha, foi revendedora de cosméticos, organizava quadrilhas de São João em sua rua, conseguiu com muita força construir sua casa e havia colocado uma pequena lanchonete. Quem a via, enxergava a sua determinação, espontaneidade, alegria e o quanto de força tinha pra superar obstáculos da vida.
Estamos fadados de saber que as estruturas do sistema tem a mulher como propriedade, são elas a base que mantém nossa sociedade ativa, com trabalho doméstico, enquanto o marido vai trabalhar ou mesmo tendo duas jornadas de trabalho, a remunerada e a doméstica, mulheres são tidas como propriedades não só pra manter essa roda girando, mas também pra regular suas vidas e corpos. Socialmente o homem e o sistema sustenta essa exploração através do machismo e "amor", é algo tão enraizado que ninguém fica livre de ter atitudes machistas, inclusive mulheres e eu que escreví esse texto.
Atualmente em conquistas de direitos sociais e entendimento da população sobre, mulher não ser posse de ninguém, tem crescido cada vez mais, ao mesmo tempo em que vemos uma maior identificação e aumento dos casos como feminicídio, o que antes era posicionado criminalmente com termos que camuflavam a realidade da mulher.
Os números atuais são só a exposição do que sempre teve, de acordo com o Mapa da Violência de 2015, último levantamento quantitativo nacional sobre o assunto, o Brasil está em 5° (quinto) lugar como o país que mais tem casos de feminicídio.
Mas qual o preço pra mulher de ser independente e forte?
O preço infelizmente é de ser morta em muitos casos por homens que não aceitam fim de relacionamento e no fim levar a culpa pelo seu assassinato.
O preço é ser julgada pela sociedade por suas escolhas, quando o homem passa batido nisso.
O preço é ser cooptada pelo sistema pra manter a roda girando, com louvor de quê se faz por amor ou simplesmente porque é o "papel da mulher".
Mulher independente vai além da questão financeira, e forte todas são, quando vemos que o sistema e nós homens colocamos as mulheres em posições e estados pré impostos (porque nem tudo explícito) pra agir, pensar, fazer e ser, e isso é algo que precisamos mudar.
Juliana não há de carregar os julgamentos.
E a justiça por sua morte e a de João há de ser feita.
Blog do França.
Texto da matéria: Luhan Pinheiro.
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