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sexta-feira, 14 de novembro de 2025

Brasil inicia nova era espacial com o 1º lançamento comercial de foguete do país

Lançamento do primeiro foguete comercial da história do país marca uma nova era na trajetória espacial brasileira.

Contagem regressiva para o lançamento do primeiro foguete comercial da história do Brasil (Foto: FAB, divulgação)O Brasil está prestes a alcançar um marco histórico na trajetória espacial. No dia 22 de novembro de 2025, vai acontecer o primeiro lançamento comercial de um veículo espacial a partir do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão. O protagonista dessa missão, batizada de Operação Spaceward 2025, é o foguete HANBIT-Nano, da startup sul-coreana Innospace.


A escolha do CLA pela Innospace não é casual, mas sim uma decisão estratégica impulsionada pela geografia, já que Alcântara possui uma das posições mais privilegiadas do mundo para lançamentos de foguetes. A proximidade com o Equador permite que os veículos espaciais aproveitem ao máximo a velocidade de rotação da Terra.


Tecnologia híbrida e segurança


O veículo lançador, HANBIT-Nano, é um foguete de pequeno porte desenvolvido pela Innospace, uma empresa que aposta em soluções inovadoras para o mercado de microssatélites. O grande diferencial tecnológico do HANBIT-Nano reside no motor de propulsão híbrida, que utiliza uma combinação de propelente sólido (parafina) e oxidante líquido (oxigênio líquido ou LOx).


Brasil inicia nova era espacial com o 1º lançamento comercial de foguete do país

Lançamento do primeiro foguete comercial da história do país marca uma nova era na trajetória espacial brasileira.


Essa tecnologia híbrida proporciona segurança, ja que os motores são mais seguros de manusear e armazenar do que motores de propelente totalmente líquido ou sólido. A arquitetura também permite um maior controle e até mesmo o desligamento do foguete em pleno voo, caso necessário.


Outra vantagem é a financeira. A Innospace conseguiu otimizar os custos de produção, tornando o HANBIT-Nano competitivo para o transporte de cargas leves. Além disso, a posição privilegiada do LCA faz com que os lançamentos consumam até 30% menos combustível do que em outros lugares do mundo utilizados para disparar foguetes espaciais.


Embora o lançamento do dia 22 seja de natureza suborbital (um teste para qualificar a tecnologia em voo), o sucesso da missão vai abrir caminho para as futuras versões orbitais da família HANBIT (como o HANBIT-Micro e o HANBIT-Mini), que terão capacidade para colocar cargas de até 1,3 toneladas em órbita.


Educação a bordo do foguete

A missão Spaceward 2025 carrega cinco satélites e três experimentos de diversas entidades do Brasil, Coreia do Sul e Índia. A participação nacional nas cargas úteis é um destaque que reforça o avanço da indústria espacial brasileira:


PION-BR2 | Cientistas de Alcântara (UFMA): Um satélite educacional desenvolvido pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA) que, simbolicamente, levará mensagens de estudantes da rede pública local para o espaço. Além do caráter simbólico, o projeto testará módulos e sistemas nacionais de comunicação e energia.

Jussara-K (UFMA): Outro satélite da UFMA focado em coleta e transmissão de dados ambientais em regiões de difícil acesso, contribuindo para o monitoramento de ecossistemas e mudanças climáticas no Maranhão.

Sistema de Navegação Inercial (SNI): Um módulo de tecnologia 100% brasileira, desenvolvido por startupsnacionais com apoio da Agência Espacial Brasileira (AEB). O SNI é um tipo de “GPS” interno que não depende de sinais externos, sendo crucial para orientar o foguete em voo.


Um novo ciclo


A parceria com a Innospace é resultado de um edital de chamamento público lançado pela AEB em 2020, que buscou abrir o CLA para a iniciativa privada. O contrato assinado com o Comando da Aeronáutica (COMAER) em 2022 simboliza a consolidação do modelo de parcerias público-privadas (PPP) no setor.


Para a Força Aérea Brasileira (FAB) e a AEB, o sucesso da Operação Spaceward 2025 não se limita à geração de receita. O lançamento inaugura um ciclo virtuoso de desenvolvimento. A atração de empresas globais exige a manutenção de padrões de segurança e tecnologia de ponta, o que, por sua vez, fortalece a infraestrutura do CLA e a qualificação dos profissionais brasileiros.


A soberania nacional, historicamente ligada ao controle do espaço aéreo, se estende agora à capacidade de controlar o acesso ao espaço. Ao sediar lançamentos internacionais, o Brasil reduz sua dependência externa para colocar seus próprios satélites (de defesa, comunicação e monitoramento) em órbita, solidificando sua posição como um player tecnológico e geopolítico no século XXI.


Com todas as revisões técnicas e de segurança concluídas, a expectativa é alta. O lançamento do HANBIT-Nano é mais que um evento técnico; é um passaporte que o Brasil carimba para a nova economia espacial, uma indústria global que movimenta bilhões de dólares.


Ao unir a vantagem geográfica inigualável de Alcântara com a inovação de parceiros estrangeiros e o talento de startups brasileiras, o país se posiciona para explorar ao máximo este trunfo estratégico, prometendo impulsionar a inovação, a geração de renda e o fortalecimento do Programa Espacial Brasileiro para as próximas décadas.





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