O pastor Silas Malafaia, que inicialmente reagiu de forma estridente à inclusão de seu nome no inquérito da Polícia Federal (PF) sobre a atuação golpista de Jair e Eduardo Bolsonaro – acusados de tentar envolver o governo dos Estados Unidos em assuntos internos do Brasil, inclusive na tramitação da ação penal contra o ex-presidente – mudou de tom. A valentia deu lugar ao temor de prisão, e agora ele pede orações aos fiéis.
Porta-voz informal de Bolsonaro, Malafaia sempre atuou dizendo aquilo que o ex-presidente não podia dizer publicamente. Em manifestações bolsonaristas, por exemplo, diante das medidas restritivas impostas ao ex-mandatário, cabe ao pastor evangélico fazer os ataques mais virulentos às instituições e autoridades brasileiras, especialmente ao ministro Alexandre de Moraes.
Recentemente, Malafaia chegou a afirmar, por exemplo, que teria sob sua posse vídeos com o potencial de "derrubar o STF".
Nesta sexta-feira (15), um dia após descobrir que é investigado pela PF, entretanto, o líder religioso se acovardou e demonstrou estar apavorado com a possibilidade de ser preso, apelando por orações dos fiéis.
"Eu sei o preço que eu pago. Eu sei os riscos que eu corro. Então, eu peço para os meus irmãos em Cristo, não estou pedindo para todo mundo bater palminha para mim. Orem pelo Brasil (...) O que está para vir são coisas gravíssimas, por causa de um homem que agora resolve fazer perseguição religiosa (...) Eu só peço uma coisa: orem pelo Brasil e orem por mim", pediu Malafaia, desesperado.
Malafaia investigado
O pastor Silas Malafaia passou a ser investigado pela Polícia Federal no mesmo inquérito que apura a conduta do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e do comentarista Paulo Figueiredo.
A PF apura, nessa investigação aberta em maio deste ano, as ações realizadas para instigar o governo dos Estados Unidos a interferir em assuntos internos do Brasil, incluindo a tramitação da ação penal contra o próprio Bolsonaro por envolvimento na trama golpista.
Entre os possíveis crimes apurados estão coação no curso do processo, obstrução de investigação de organização criminosa e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
Malafaia foi o organizador do ato de apoio a Jair Bolsonaro realizado no dia 3 de agosto. No evento, o ex-presidente apareceu por meio de um vídeo transmitido nas redes sociais de terceiros, fato que acabou resultando, no dia seguinte, na decretação da prisão domiciliar do ex-presidente.
Origem do inquérito
O inquérito foi aberto a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) em maio. "Há um manifesto tom intimidatório para os que atuam como agentes públicos, de investigação e de acusação, bem como para os julgadores na Ação Penal, percebendo-se o propósito de providência imprópria contra o que o sr. Eduardo Bolsonaro parece crer ser uma provável condenação", dizia o documento da Procuradoria.
A PGR mencionou ainda a tentativa de interferência no andamento da ação penal que envolve Jair Bolsonaro. "As evidências conduzem à ilação de que a busca por sanções internacionais a membros do Poder Judiciário visa a interferir sobre o andamento regular dos procedimentos de ordem criminal, inclusive ação penal, em curso contra o sr. Jair Bolsonaro e aliados", apontava o documento.
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