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segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Incêndio no Museu Nacional destrói objetos de pesquisa de estudantes e professores da UFPE


       Professores e estudantes da instituição lamentam a destruição do acervo abrigado no local. 'Perdi metade da minha vida', diz professora da UFPE.

         O incêndio que destruiu o Museu Nacional no Rio de Janeiro na noite do domingo (2) devastou, também, as teses, pesquisas e trabalhos de estudiosos que dependiam do acervo para adquirir e difundir conhecimento sobre a história natural do país e do mundo. Na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a comunidade acadêmica sofre com a perda um dia depois de as chamas consumirem o que já foi e o que seria objeto de pesquisa.

       Para quem dependia dos fósseis consumidos pelas chamas, mensurar a perda com palavras é tarefa quase impossível – não só pelo trabalho, mas pelos laços afetivos criados ao longo de anos de pesquisa.
"Perdi metade da minha vida, literalmente, ontem"
Debruçada sobre os estudos acadêmicos há 22 anos, a paleontóloga Juliana Sayão, professora da UFPE, esteve ligada ao museu para pesquisas com fósseis e expressou, em lágrimas, a dor de perder uma vida de pesquisa para o fogo.
        “Assim como eu, todos os pesquisadores do Brasil estão perdidos. Passei mais da metade da minha vida lá dentro, deixei de me dedicar a outras coisas para me dedicar à pesquisa”, diz a docente, que atua no Centro Acadêmico de Vitória, na Zona da Mata, e atualmente está em uma licença-capacitação para aprofundar os estudos em sua área.

      “Centenas de dissertações e teses vinham sendo desenvolvidas pelos meus alunos e tudo se perdeu no incêndio. Não existem peças substitutas. Você constrói um prédio, mas não coloca o acervo de volta”, lamenta, emocionada pela destruição de peças importantes.
       Para os alunos de Juliana, os fósseis abrigados no Museu eram promessas de especialização e de ampliar o conhecimento.
      “Em agosto de 2017, fiz um treinamento vinculado ao Museu Nacional e a Marinha do Brasil para ir à Antártica, estudar fósseis no continente. Sou, ou era, o primeiro da fila de espera para uma expedição até lá em parceria com o Museu, mas não sei mais se vai ser possível”, conta o mestrando Paulo Braga, orientado pela paleontóloga.
“Iríamos fazer uma relação de como era o ecossistema de lá há milhares, milhões de anos. É uma pesquisa importante para a gente conhecer o comportamento e a ecologia que temos hoje. Tínhamos que olhar para o passado”, explica o estudante de mestrado da UFPE.
      Em nota divulgada nas redes sociais na noite do domingo (2), a UFPE se solidarizou com a Universidade Federal do Rio de Janeiro. “A perda para a história e a ciência do Brasil é incalculável. Toda nossa solidariedade à comunidade da UFRJ. A dor de vocês também é nossa”, diz o texto.

          França de Jataúba/blogg do frança.

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