A ligação entre Lula (PT) e Donald Trump recolocou o tarifaço no centro da política internacional. Depois de meses de instabilidade causados pela sobretaxa americana sobre produtos brasileiros, a conversa entre os dois presidentes expôs o que já vinha se consolidando nos bastidores: a reversão deixa de ser expectativa e começa a ganhar contornos de desfecho.
A retirada parcial anunciada em novembro foi o primeiro sinal concreto de que Washington está disposto a rever o movimento imposto em julho deste ano. Carnes, cacau, café, frutas, vegetais, nozes e fertilizantes voltaram a circular sem a alíquota extra. A retirada parcial das tarifas liberou cerca de 4,2 bilhões de dólares em exportações brasileiras que estavam travadas desde julho. Mas, mesmo após o alívio de novembro, aproximadamente 22% da pauta afetada continua sob a alíquota de 40%.
É sobre essa lista remanescente que Lula insistiu ao telefone, reforçando o impacto real do tarifaço sobre cadeias regionais inteiras e pedindo celeridade na revisão final. Segundo o presidente americano, a conversa foi “muito produtiva” e há caminho para diálogo e acordos positivos no futuro. A ordem executiva assinada em 20 de novembro já havia determinado, inclusive, o reembolso das tarifas de 40% cobradas desde 13 de novembro sobre os produtos agrícolas que foram liberados.
- No Planalto, a leitura é de que a disposição do presidente americano em avançar indica que a negociação interna nos EUA já está amadurecida. A Secretaria de Comércio dos EUA reconheceu, em nota técnica divulgada na semana passada, que a manutenção dos 40% “não tem justificativa estrutural”, o que abriu espaço para uma revisão mais ampla.
Expectativa
Há expectativa de que o anúncio sobre os últimos itens tarifados seja feito ainda antes da virada do ano. Se confirmada, a reversão total ou majoritária das tarifas encerra um dos conflitos internacionais mais desgastantes para o Brasil e devolve previsibilidade a cadeias produtivas que vinham operando no limite.

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