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domingo, 29 de julho de 2018

SAZINHA GRANDE FOTÓGRAFO CENTRALENSE.


              

          Você que é de Central ou da Microrregião de Irecê - Bahia, conheceu ou já ouviu falar de João Ferreira de Brito, vulgo Sazinho fotógrafo? Eis aqui um pouco de sua biografia. Sazinho nasceu no ano de 1920, em Tiririca de Luizinho no Municipio de Chique-Chique, assim era a grafia na época, mas hoje integra o Município de Itaguaçu da Bahia. É filho de Joaquim Ferreira de Brito, vulgo Joaquim Professor e Francisca da Mata Pires. Foi criado naquela localidade e foi muito benquisto daquela gente. Se o pai era professor leigo naquela época, obviamente, o filho foi alfabetizado e adquiriu os rudimentos do saber. Quando adolescente passou uma temporada em Jequié - Bahia, onde tinha uns parentes. Ali cursou o primário e aprendeu a arte de fotografar, comprou u'a máquina fotográfica (lambe-lambe) e logo se mudou pra Central - Bahia. Aqui chegando, já na idade núbil, que era dos vinte anos de idade em diante, em suas andanças pelo interior do Município, conheceu Leonor, vulgo Nô, moça prendada filha de Felinto Soares Fernandes e Joana Martins de Carvalho. O pai dela (Felinto) era descendente de portugueses e, anteriormente, morou muitos anos em Salgueiro - PE, depois veio fixar residência em Traíras de Central - Bahia. Ele (Sazinho) ficou extasiado com a beleza da moça e jogou aquele "xaveco" que deu certo, ou seja, ela aceitou namorar com ele, cujo convívio mais tarde culminou em casamento, isto é, com o consentimento dos pais dela, é claro, costume cristalizado em todo o Brasil naquele tempo, mas hoje é diferente. No dia marcado houve a celebração e aquela festa para os padrinhos, convidados, parentes e amigos. Em seguida, o casal foi morar sob o mesmo teto em Central - Bahia.
     
    Sazinho tinha duas profissões: fotógrafo e pedreiro de mancheia, além de gostar de tocar violão e tomar umas talagadas com os amigos nos finais de semana, feriados e festas no decorrer dos anos. À proporção que o tempo foi passando, os filhos foram nascendo naturalmente, anualmente. São eles: Hamilton Carlos, vulgo Bano, in memória, Almir, vulgo Ferrugem, in memória, Maria Lêda, Adilton, vulgo Pelé, in memória, Maria Alda já falecida, Telma, Selma, Iêda, Huda e João Alberto Soares de Brito, chamado João de Sazinho.

        Com sua máquina fotográfica (lambe-lambe) posta sobre um tripé, defronte à sua casa na Av Manoel Novais, fotografava todo mundo, desde o aluno que tirava fotos pra ficha escolar, às pessoas que tiravam fotos para os documentos de identificação pessoal: alistamento militar e identidade ou RG, além de outras: casamento, batizados e para os títulos dos eleitores de Centídio Pires Maciel e de outros nomeados por José de Castro Dourado, Zeca Dourado. No período das missões, punha seu instrumento de trabalho perto da Matriz Local e o couro comia: "fotos a três por quatro", variando de tamanho padrão, é claro, só que elas eram em preto e branco, ainda não havia a tecnologia moderna (foto colorida e em 3 D como atualmente). Terminado o tempo de maior de trabalho fotográfico, pegava a (colher de pedreiro) e partia pra construção, ganhar o pão da família. Não perdia tempo, mas, também fazia o tempo necessário para tomar uns pileques, tocar violão e curtir com os amigos o que D. Leonor, Nô não gostava nem pouco. Daí, surgiam as reclamações, as discussões e ele dizia que tinha o direito de se divertir com os amigos, até porque cumpria os deveres de pai de família. Às vezes, chegava em casa alta madrugada e no outro dia era só curtição, isto é, a ressaca matando... E daí, era a hora daquela canja de galinha para recuperar a energia perdida. Quem fazia? D. Nô que reclamava, mas fazia. Só que um dia ela tirou os pés das estriveiras e quebrou o seu violão. Lá, naquele dia a discussão mais forte. Ela não se deu por rogado, trabalhou, juntou dinheiro e comprou outro novinho em folha. Contudo, como na vida tudo passa, um belo dia, ele achou por bem abandonar as "farras", a bebida, menos os amigos. Doravante passou a ter mais tempo pra família. Nesse ínterim, passou também a ler a Bíblia Sagrada, segundo sua filha Selma, para saber discutir com os evangélicos que surgissem em seu caminho. Era praxe discutir com Jaime Martins Ferreira, vulgo Jaime Caboclo da Boa Sorte. A discussão era grande, porque cada um queria o convencer ao outro que estava certo em suas idéias, na liturgia e interpretação dos textos.
Sazinho tinha um esporte predileto: ler gibis, jornais da época e jogar dama, dominó ou baralho nos dias de folga e finais de semana com os amigos: Edson da Rocha Pires vulgo Edinho, Davino e Pedro Martins dos Anjos (irmãos), Raimundo Oliveira, vulgo Raimundo de Chico Eduardo dentre outros. Ademais, tinha outro esporte que fazia a sua cabeça, ou seja, caçar com os amigos. Não lhe faltavam uma espingarda cartucheira, munição, cães de caça e o tempo determinado para fazer aquela caçada com Júlio e Rosalvo Nunes da Gama, apelidado por Dave e Deusdedith Nunes Barreto, vulgo Dete (irmãos entre si), Euplécio Palha do Amaral, Olavo de Catarino, Cearense e outros mais (em saudosa memória), fora Dete que está vivo em Palmeiras de Central - Bahia.

      Em contrapartida, ressalta-se que ele prestou relevantes serviços ao povo centralense, quer na área fotográfica e na construção civil. Assim criou a família e ali viveu até o fim da vida. Aposentado, idoso e já doente, apesar dos esforços da família e da medicina, veio a óbito no dia 28.09.1998, cujo corpo foi velado em sua residência e depois sepultado no Cemitério Nossa Senhora da Conceição na Cidade de Central - Bahia. Nossa gente perdeu muito com a sua partida: como cidadão e profissional que sempre batalhou com amor ao trabalho e respeito à clientela e aos amigos.
 
       Finalmente, D. Nô (viúva) já é aposentada. Pessoa digna, foi boa esposa, boa mãe, companheira e amiga de todas as horas. Nonagenária ainda mora no mesmo endereço e conta com a estima, consideração, apoio e carinho dos familiares e amigos que conquistou ao longo dos anos. E a vida continua.
         Esse artigo foi escrito por um conterrâneo, professor, escritor e cidadão sertanejo natural de Palmeiras de Central- Bahia.  Com vários livros publicados o escritor Vandete Mendes da Silva, estará presente semanalmente com artigos e histórias do sertão Bahiano, onde terá sempre uma pitada de humor arretado de bom.

       França de Jataúba/blogg do frança.
        Fotografia: Vandete Mendes da Silva.


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