Ferrovia é tratada como vetor decisivo para fortalecer cadeias produtivas e ampliar a competitividade
A Sudene marcou presença no evento de encerramento da série Conexões Transnordestina, realizado nesta terça-feira (18) no Complexo Industrial Portuário de Suape, no Cabo de Santo Agostinho (PE). A ferrovia voltou ao centro do debate ao reunir especialistas, gestores federais, acadêmicos e representantes do Governo de Pernambuco para discutir os impactos econômicos e logísticos da obra, considerada uma das iniciativas mais estratégicas para a competitividade do Nordeste na próxima década. O encontro finalizou uma sequência de seis agendas dedicadas a analisar as sinergias entre a ferrovia e os principais arranjos produtivos do estado.
Representando a Sudene, o superintendente Francisco Alexandre destacou que a Transnordestina é peça-chave para reposicionar Pernambuco no cenário nacional. Segundo o gestor, os benefícios esperados vão além da logística e envolvem a reorganização do território produtivo, a geração de emprego e renda e a integração da economia regional. “A estrada de ferro em Pernambuco é fruto de um esforço coletivo do Governo Federal e dos atores políticos, sociais e econômicos. A discussão aqui não é apenas de engenharia, mas de impacto econômico e político para o estado e para o Nordeste”, afirmou. “Precisamos discutir o funding, avançar com celeridade e manter união. O governo tomou a decisão de fazer. Agora precisamos garantir que o projeto entregue desenvolvimento”.
A programação do evento, realizado em parceria com o Movimento Econômico, apresentou atualizações sobre o avanço físico da obra e confirmou novos investimentos. O Governo Federal retomou a construção de 73 km de linha férrea entre Custódia, Sertânia, Buíque e Arcoverde, com aporte de R$ 415 milhões e estimativa de geração de cerca de seis mil empregos. O Ministério dos Transportes prevê lançar, já em 2026, novos editais para ampliar outros trechos da ferrovia, somando até 230 km adicionais e investimentos entre R$ 1,2 bilhão e R$ 1,5 bilhão por meio do PAC. Atualmente, Pernambuco já conta com 179 km concluídos, o equivalente a 38% do total planejado.
O diretor de Empreendimentos da Infra S.A., André Ludolfo, reiterou a disposição do órgão para incorporar ajustes técnicos ao projeto, desde que sustentados por estudos consistentes. “Estamos empenhados. A cobrança é grande e legítima. Nosso compromisso é colocar essa ferrovia de pé, respeitando os aspectos socioambientais e garantindo que ela atenda às necessidades do estado”, afirmou.
As contribuições técnicas dos professores Maurício Pina (UFPE) e Guilherme Magalhães (UPE) reforçaram os ganhos potenciais de produtividade para o interior de Pernambuco e para o Porto de Suape. Pina apresentou análises sobre bitolas e sugestões de aperfeiçoamento de traçado, enquanto Magalhães enfatizou a necessidade de interiorizar o desenvolvimento. “Temos um porto altamente competitivo, conectado às principais rotas do mundo. Mas o desenvolvimento não pode ficar restrito ao litoral. Precisamos garantir que as cidades do interior tenham capacidade de exportar”, destacou o acadêmico da universidade estadual.
A governadora Raquel Lyra reforçou a urgência da obra. Para ela, a Transnordestina é “sonhada por muitos” e decisiva para assegurar competitividade ao estado. “A janela de oportunidade é curta. O desenvolvimento do futuro depende de uma estratégia clara e de investimentos de grande porte. A Transnordestina alavanca outros investimentos e nos permite agregar mais valor à produção pernambucana”, afirmou.
O encontro também foi marcado pela entrega de uma carta com contribuições para o avanço das obras, assinada por representantes de empreendedores, arranjos produtivos e prefeituras. Entre as presenças, estiveram ainda o presidente de Suape, Armando Monteiro Bisneto; o deputado estadual Joãozinho Tenório, representando a Assembleia Legislativa; além de prefeitos do interior, entre eles Fabinho Lisandro (Salgueiro).

Nenhum comentário:
Postar um comentário