A Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) marcou presença na 77ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), realizada na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), no Recife. Durante participação no evento, um dos mais relevantes do calendário científico nacional, a Autarquia reafirmou o compromisso com a inovação, a produção de conhecimento e o planejamento estratégico como pilares de um novo ciclo de desenvolvimento regional.
Um dos momentos da participação institucional da Superintendência foi a realização de uma mesa-redonda dedicada ao papel histórico da Sudene no processo de desenvolvimento do Nordeste. A atividade, coordenada pelo professor Romilson Marques Cabral, reuniu especialistas que trouxeram diagnósticos e propostas para reposicionar a Região na agenda nacional a partir da ciência, da inovação e de uma nova abordagem territorial integrada.
O superintendente da Sudene, Danilo Cabral, participou da atividade e ressaltou a importância de reposicionar a instituição frente aos desafios do presente e às possibilidades do futuro. “Quando cheguei à Sudene, sabia do desafio de resgatar a Sudene. Quando falamos dela, olhamos muito para o passado. Precisamos olhar para lá, mas sem cair na armadilha de ficarmos presos ao que se foi”, afirmou. Para ele, a legitimidade da Autarquia deve se consolidar como instituição de planejamento e articulação intergovernamental, sendo protagonista dos debates que posicionem o Nordeste como solução e não problema do Brasil.
Danilo Cabral reforçou ainda a necessidade de romper com o ciclo de formulação de políticas públicas que desconsideram a diversidade regional e ignoram o protagonismo do Nordeste. “Temos a tarefa de transformar essas políticas em oportunidades. Precisamos nos apropriar do nosso território, das nossas potencialidades — a exemplo da Caatinga — e investir em políticas de interiorização, ciência e inovação”, concluiu.
O economista Aristides Monteiro Neto, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), destacou a urgência de acelerar a diversificação produtiva, ampliar a presença em setores estratégicos e conter os vazamentos de renda. “É preciso fortalecer os fornecedores locais e diversificar os instrumentos públicos de financiamento, com foco em inovação e sustentabilidade”, afirmou. Na avaliação do pesquisador, isso é essencial para que o Nordeste rompa com a dependência de cadeias extrarregionais e aumente sua produtividade.
O economista e professor universitário Valdeci Monteiro dos Santos, sócio-diretor da Ceplan Consultoria Econômica e assessor da Universidade Católica de Pernambuco, defendeu que o Nordeste precisa superar o estigma de “locus do atraso” e ser reconhecido por seus ativos estratégicos. “Vivemos um momento de disrupção global. O Brasil precisa se redefinir — e o Nordeste pode contribuir decisivamente para um projeto ousado de país, com base em setores como energias limpas, agroecologia, saúde e bioeconomia”, pontuou. Ele também alertou para os hiatos sociais e econômicos persistentes, como o fato de a Região concentrar 55% da população em extrema pobreza, representando cerca de 27% da população brasileira. “A Sudene deve exercer sua vocação plena como articuladora do desenvolvimento regional, promovendo sinergias entre políticas nacionais e estratégias locais”, concluiu.
Já Fábio Guedes Gomes, diretor-presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal), reforçou o papel simbólico e prático da Sudene no atual contexto. Para ele, é preciso ressignificar a missão da Autarquia à luz das novas demandas da sociedade e da economia do conhecimento. “Transformar conhecimento em inovação orientada à geração de emprego e renda, interiorizar a pesquisa e o desenvolvimento, promover emancipação social a partir da ciência — tudo isso depende de uma atuação integrada e renovada da Sudene”, destacou, em defesa de uma agenda que valorize os territórios do semiárido e seus potenciais endógenos.
Além da participação nos debates acadêmicos, a Sudene também está presente na ExpoT&C, feira de exposições científicas, tecnológicas e institucionais realizada durante a programação da SBPC. A Autarquia montou um estande com atendimento ao público, onde apresenta projetos voltados à pesquisa, desenvolvimento e inovação — temas que têm ganhado centralidade no novo posicionamento estratégico da instituição.
O evento segue até 19 de julho e é aberto ao público.
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